Durante as agressões, homens diziam que o bar não era local para “viadinho estar rebolando”. Caso aconteceu em São Vicente (SP). A vítima é contratada da casa e foi abordada quando desceu do palco para procurar a namorada e um amigo.

Um instrutor de dança, de 29 anos, foi espancado após se apresentar em um bar em São Vicente, no litoral de São Paulo. Conforme apurado nesta sexta-feira (8), um grupo de homens abordou e agrediu Flávio Arcangeletti. Enquanto a vítima apanhava, os agressores diziam que o espaço não era local para “viadinho estar rebolando”.
Imagens obtidas pela nossa reportagem mostram a vítima sendo abordada na parte interna do bar momentos antes de ser arrastada para a área externa, onde aconteceram as agressões – que não foram filmadas.
O crime aconteceu no bar Mangute, na Ilha Porchat, onde Flávio é contratado para se apresentar. Ele dança durante o intervalo dos shows realizados no estabelecimento e, no último sábado (2), foi surpreendido por dois clientes após sua apresentação.
A vítima tinha descido do palco e estava procurando a namorada e uma colega no estabelecimento, quando foi abordada por dois homens. Eles arrastaram Flávio até a área externa do bar, onde a dupla se juntou com pelo menos outras quatro pessoas. Foi quando começaram os socos, chutes, cotoveladas e garrafadas contra o rapaz.
Durante as agressões, os homens diziam “quero ver rebolar agora, viadinho” e enfatizavam que o estabelecimento não era lugar para a dança. Além disso, os agressores também tentaram puxar os piercings que Flávio tem no rosto. Os golpes só pararam após intervenção do segurança do bar, que orientou a vítima a deixar o local.
Ao deixar o bar, a vítima alertou a família sobre o episódio e procurou atendimento médico. Além das escoriações, o dançarino fraturou o nariz e precisou ficar em observação.
Ameaças
Segundo o boletim de ocorrência (BO), durante a internação, o celular de Flávio ficou com o irmão, de 18 anos, e passou a receber mensagens de um dos agressores dizendo que tinha parceria com o crime organizado.
Desta forma, o jovem se identificou como irmão de Flávio e também passou a receber ameaças. Nas mensagens, o suspeito dizia que iria atrás dos dois irmãos, bateria neles e os levaria para um tribunal do crime para que Flávio parasse de rebolar.
Homofobia
A família acionou um advogado, que entendeu se tratar de um caso de homofobia devido às falas dos agressores durante os golpes. Apesar de Flávio ser heterossexual, ele foi confundido e apanhou por se considerado homossexual.
Em nota publicada nas redes sociais, o bar Mangute informou que não compactua com nenhum ato de homofobia. “É contra qualquer ato de preconceito, que inclusive é crime”. O estabelecimento ainda ressaltou que os seguranças prontamente foram atender a ocorrência após o início do tumulto.
“A casa de imediato terminou essa festa, expulsando todos os envolvidos da casa. Na sequência, o rapaz agredido foi embora, amparado pelos seguranças e por pessoas conhecidas dele. Cabe ressaltar que que a casa toma todas precauções devidas e age conforme determinado em lei para poder proporcionar o que tem de melhor para os clientes”.
